Em fevereiro deste ano, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) deu início à Operação Coatá, uma ação de grande envergadura do Grupo Especial de Operações (GEF) para combater o garimpo ilegal nas regiões da Terra Indígena (TI) Kayabi, no Mato Grosso e no Pará, e em áreas de proteção ambiental do sul do Pará. O foco da operação foi a destruição da estrutura criminosa que atua nas proximidades da BR-163, uma das rodovias mais importantes da Amazônia, conectando os estados do Mato Grosso e do Pará.
A operação foi desencadeada após um minucioso levantamento, que incluiu a análise de imagens de satélite e informações de uma rede de informantes da região. As denúncias recebidas indicavam que a prática ilegal do garimpo vinha crescendo, especialmente com o uso de dragas e balsas escariantes em rios da região, causando danos ambientais irreversíveis e impactos diretos sobre as populações tradicionais que dependem desses ecossistemas.
A Logística Complexa de Fiscalização
A magnitude da operação exigiu um planejamento estratégico detalhado e uma logística altamente complexa. Devido à vastidão da área e à necessidade de sigilo absoluto, o Ibama contou com o apoio de aeronaves de asa rotativa, como helicópteros, que permitiram a cobertura de grandes distâncias, garantindo que os agentes chegassem rapidamente aos pontos críticos de atuação do garimpo ilegal. A operação foi conduzida com um nível elevado de coordenação, já que a área de atuação engloba diversas frentes de fiscalização, incluindo o Parque Nacional do Rio Novo e a Área de Proteção Ambiental (APA) do Tapajós.
Os Impactos Ambientais do Garimpo Ilegal
O garimpo ilegal na região tem causado sérios danos ambientais, como o assoreamento dos rios, destruição de suas margens e alterações irreversíveis nos ecossistemas aquáticos. As balsas escariantes, que utilizam brocas, motores potentes e canos de sucção, são as principais responsáveis por essas destruições. Além disso, a presença de maquinário pesado, como escavadeiras hidráulicas e dragas de sucção, tem contribuído para a degradação do solo e dos recursos hídricos. Esses equipamentos, frequentemente operados sem qualquer controle, ampliam o ciclo de destruição na região.
Ações e Resultados da Operação
Durante a operação, o GEF do Ibama conseguiu desarticular uma rede criminosa altamente sofisticada, com a apreensão de equipamentos de grande porte e materiais valiosos utilizados no garimpo ilegal. O balanço da Operação Coatá revelou a apreensão de:
- 6 dragas de garimpo tipo escariante;
- 3 dragas de garimpo tipo sucção;
- 5 dragas de garimpo tipo mergulho;
- 9 escavadeiras hidráulicas;
- 1 trator de pneu;
- 1 rebocador;
- 5 embarcações de alumínio;
- 1 embarcação de aço;
- 9 motobombas;
- 4 motosserras;
- 6 acampamentos;
- 2 estruturas de apoio logístico ao garimpo;
- 3 geradores de energia;
- 3.500 litros de diesel.
Além disso, foram apreendidos:
- 1,6 kg de mercúrio metálico;
- 462,4 g de ouro.
Outro destaque foi a apreensão de armamentos, incluindo 3 espingardas e munições, indicativos da violência que costuma acompanhar essas atividades ilegais.
Compromisso com a Preservação Ambiental
A Operação Coatá reflete o compromisso do Ibama em combater de forma contundente as práticas ilegais que colocam em risco a biodiversidade e os recursos naturais da Amazônia. Além de desestruturar as operações de garimpeiros ilegais, o órgão também visa garantir a preservação das áreas de proteção, assegurando que as futuras gerações possam usufruir de um meio ambiente saudável e equilibrado.
A atuação do Ibama na região, ao lado de outras ações de fiscalização e repressão ao garimpo ilegal, é uma peça fundamental no esforço de proteger uma das regiões mais sensíveis e vulneráveis do planeta. O combate ao garimpo, especialmente nas áreas indígenas e unidades de conservação, é crucial para a manutenção da integridade ecológica da Amazônia e a garantia dos direitos das populações tradicionais que ali vivem.
Ao encerrar mais uma operação com resultados expressivos, o Ibama reafirma sua missão de proteger o meio ambiente e os recursos naturais, mas também de atuar de forma firme e eficiente na responsabilização dos infratores, seja na esfera administrativa ou penal. A Operação Coatá é apenas uma das diversas frentes de combate à devastação ambiental que o Ibama tem adotado, consolidando cada vez mais a luta contra o crime ambiental na Amazônia.